
As ruas ficam desertas e tornam-se mais escuras.
Cambaleio como um bêbado pelos passeios.
Tenho medo das sombras enormes que as casas projectam.
Tenho medo. Alguém me segue. Não ouso voltar a cabeça.
Um andar claudicante salta cada vez mais perto.
Tenho medo. Sinto vertigens. E de propósito paro.
Um tipo medonho lançou-me um olhar
Cortante como um punhal, depois, pérfido, passou.
Senhor, nada mudou desde que já não sois Rei.
O Mal fez uma muleta da vossa Cruz.
[Blaise Cendrars, "Páscoa em Nova Iorque", Poesia em Viagem]